terça-feira, 30 de junho de 2009

A verdade está lá fora!


Será que foi isso que aconteceu? Teria o grande diretor, músico,escritor,quadrinhista e multifacetado Carlos Ferreira, sucumbido depois de saber as notícias sobre a morte de seu maior ídolo,Michael Jackson? Teria o pobre coraçãozinho de Cao cedido diante da pressão de ter de viver em um mundo sem Michael? Não sabemos ao certo,senhoras e senhores, mas as últimas tentativas de contato com o lendário criador da épica revista "Chaos" não foram bem sucedidas e a julgar pela mensagem deixada pelo celular do autor de mega-sucessos como "Up Jumped the Devil" e "Cemitério de Elefantes", ele está desaparecido a algumas semanas, sem dar qualquer indício de que esteja vivo e bem.As autoridades locais já foram acionadas e um grupo especial do FBI está sendo enviado para o Brasil para investigar o caso que já está sendo chamado pela mídia internacional de " Operação Chaos Ferreira".Não são claros os motivos do interesse do famoso Bureau de Investigações pela pessoa de Carlos Ferreira, nem se esse fato teria alguma ligação com outras tragédias que estão ocorrendo simultaneamente por todos os Estados Unidos e se espalhando rapidamente pelo resto do mundo.Depois da morte de Farra Fawcet e de Michael Jackson, cidadãos de Providence,Rhode Island alegam poder comprovar que seu vizinho e cidadão exemplar da comunidade Joseph Curwen, possui o dom de invocar demônios dos lugares mais obscuros do cosmo infinito.Onde nosso mundo irá parar? Onde estão nossos heróis dos anos 1980 para nos salvar? Por que o Whitesnake acabou? E principalmente, a pergunta que não para de ser proferida por milhares de pessoas desesperadas e aflitas.A pergunta que foi feita pelo presidente Barak Obama ,ontem a noite em cadeia nacional em todo o mundo ianque,e que reverbera pelos confins do mundo natural ou sobrenatural: ONDE ESTÁ CARLOS FERREIRA?


Michel Jansson (correspondente especial nos EUA)

quinta-feira, 25 de junho de 2009

domingo, 21 de junho de 2009

Texto editado no UNiverso HQ sobre as minhas impressões sobre o Viñetas Sueltas

De 25 a 31 de maio último, aconteceu em Buenos Aires, Argentina, o 2º Festival Internacional de Historietas, mais conhecido como Viñetas Sueltas. Uma das atrações desta edição foi o lançamento da revista brasileira Picabu no evento.

Carlos Ferreira, um dos autores presentes na Picabu, esteve na capital argentina e se dispôs a escrever um texto para o Universo HQ com suas impressões sobre o Viñetas Sueltas. Confira abaixo.

Não poderia ter sido melhor. Não digo que foi perfeito, mas quase perfeito esse festival argentino Viñetas Sueltas. Quase porque é a segunda edição e porque a perfeição não existe. Mas arrisco dizer que foi o melhor evento de quadrinhos de que participei.

Para quem não me conhece, sou desenhista e roteirista; publico meus quadrinhos, ditos alternativos, underground, independentes, "cabeça", ou fanzines há 20 anos. São aquelas HQs que não sustentam ou não são sustentadas pela indústria editorial, revistas de grandes tiragens ou editoras gringas.

Chamo minhas HQs de quadrinho de autor porque faço tudo: escrevo, desenho e edito. Posso parecer meio egocêntrico ao ditar todas essas coisas, mas juro que o assunto ainda é o Viñetas Sueltas.

Falo dessa minha perspectiva autoral e da minha evasão nos ditos grandes eventos dos quadrinhos porque me sinto meio que um peixe fora d'água nesse açude represado que são os renomados "City Comic Con".

Claro que todos os eventos da nona arte são mais do que bem-vindos, mas quase todos partem de cima para baixo. Saem do que o grande público conhece nos quadrinhos, dos super-heróis, aos consagrados mainstream aos eternos Mônica e Cebolinha; e o que sobra dessa miscelânea abre as comportas aos fanzineiros, os bichos-grilos paz e amor que acreditam no sonho e vivem disso nas historias em quadrinhos.

Eu sou dessa facção e não sou hippie. A minha lição de casa é: "faça você mesmo e brigue por um quadrinho mais textual e gráfico".

Por isso, foi grande minha surpresa em 2008 quando descobri que um evento para quem trilha esse caminho "meimufado" estava nascendo em Buenos Aires. Quis pegar a minha mochila e partir no primeiro ônibus, ou avião, mas tive que postergar para o próximo ano.

Então, pensei em como ir, como aplicar o plano perfeito. E a ideia que tive foi resgatar a clássica Peek-a-Boo e transformá-la com os meus parceiros do Grupo Bestiário em Picabu.

Um ano depois, estou com a revista na mão em um avião rumo à capital argentina. E descubro que minhas buscas não são únicas, pois autores do mundo inteiro estão na mesma batida.

O que eu conhecia de quadrinhos dos últimos anos era uma mera ilusão. Sim, foi para isso que serviu esse festival. Viñetas Sueltas serviu para me acordar. Vi muita coisa boa, o que há melhor dos quadrinhos no mundo, creio.

Eu me lembrei do livro 1984, de George Orwell, no qual o mundo divulgado na imprensa é meramente especulativo por um governo ditatorial e corrupto liderado pelo Big Brother. Então há alguém que tente ver o verdadeiro mundo fora das regras ditadas pelo grande irmão.

Minha ida a Buenos Aires foi um pouco parecida com isso. E a cidade, que tem mais livrarias em suas ruas do que há no Brasil inteiro, está longe de ser uma novidade para mim, pois vivi em Buenos Aires por três anos. O povo respira e vive a arte ao extremo. Uma arte que provoca e impõe identidades, personalidades e quebra barreiras. É a casa de Borges, Cortazar, Xul Solar, Alberto Breccia, Astor Piazzolla e outros gênios.

Viñetas Sueltas está lá para deixar a sua marca de genialidade também. Enquanto a maioria dos eventos (aos quais não vou, obrigado!) tem a mera preocupação de vender e premiar, o Viñetas vem mais para integrar e construir arte e cultura como base de referência aos quadrinhos autorais.

Nele, Marvel e DC quase não existem. Nada contra os amados super-heróis, mas há mais coisas para mostrar ao mundo. E Viñetas Sueltas fez isso em diversas e absurdas exposições com a presença de originais de Max, Miguelanxo Prado, Alberto e Enrique Breccia, João Mottini, Domingo "Cacho" Mandrafina, Andrea Bruno, José Muñoz, Lucas Nine e outros mestres.

Exposições espalhadas em diversas partes na cidade e eventos como palestras e oficinas e a feira. Sim, o lugar para ler quadrinhos, gibis, revistas, álbuns ou graphic novels.

Mas, como disse antes, esse festival veio para integrar. Diversos autores circulavam em um ambiente em que as pessoas eram apenas pessoas, nada de fantasias ou colantes (nada contra, mas foi bom estar ali entre gente comum). Coisa rara nesse mundo do Século 21.

E muitas dessas pessoas vieram do Canadá, Suíça, Bélgica, França, Dinamarca, Itália e Brasil. E havia argentinos, claro.

Putz! Esqueci que me pediram para ser breve, mas é impossível com tanta informação de vanguarda. Eu antes era cético em relação aos quadrinhos (mesmo sabendo que isso vai parecer meio arrogante da minha parte, já estou acostumado): apesar de estarmos vivendo uma era marcante no Brasil, a maioria das coisas que vejo e ouço falar sobre a produção nacional me parece ainda buscando um caminho entre o careta mercado gringo e o careta mercado cool gringo. Mas há quem circule fora desse bambolê...

Então, surge um evento dizendo "Dale lo Bueno". Foi isso que gritou o Viñetas Sueltas. Façamos longe, descubramos novas formas, os novos gênios, os novos Breccia, Pazienza, Pratt, Moebius e Hergé. Isso sem querer parecer ou "chupar" esses mestres, mas tendo uma identidade tão marcante quanto a deles.

Imaginei o impacto na garotada que foi com tanta fome quantos seus pais e avós ao Centro Cultural Ricoleta, a sede do evento. Sim, havia quadrinhos inteligentes para todos os públicos. Quadrinhos a fim de entreter e outras cositas mais que a boa arte sequencial pode oferecer.

O Viñetas Sueltas veio para ficar. Vai marcar por ser um festival de identidade e inovação, por abraçar quem busca a expressividade e a força dos melhores quadrinhos atualmente produzidos no mundo!

Valeu, Viñetas Sueltas, te vejo no próximo ano!

Carlos Ferreira

quinta-feira, 11 de junho de 2009

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Lagoa da Música



Buscando informações para divulgar a Picabu na RBSTV eu descubro que esse meu primeiro episódio dirigido para a série Histórias Extraordinárias está rolando no site da RBSTV. Eu tenho muito carinho por essa série e por esse trabalho em conjunto com a minha equipe. Realmente eu adoro trabalhar no Histórias Extraordinárias, essa proposta é inédita no Brasil, não conheço nenhuma outra série parecida, é um desafio como é feito esse programa que já está com nove edições e ainda mantém uma proposta experiemental porque cada diretor dirige ao seu estilo as lendas e casos sobrenaturais do programa. Histórias Extraordinárias é uma série investigativa sobre fatos extraordinários e sobrenaturais conectados com o Rio Grande do Sul. A Lagoa da Música e a Herança do Faustino Correa foram os meus primeiros programas dirigidos para série. Vou postar aos poucos os outros que dirigi.
Parabéns pelos 10 anos de vida Especiais!

Buenos Aires, 22 de maio...

Bom, vamos fazer de conta que é o dia 22 de maio, que estou saindo super cansado do Centro Cultural Recoleta, que ando nas calles super suado e com o calor (puta merda é mais calor aqui em Buenos Aires que o sertão da baiano), estou há passos, passos largos em busca do Milion, um bar estilos. Penso nesse bar como outra plataforma de lançamento para a Picabu. Eu encontro o Milion e dou aquela averiguada, mas o cansaço é mais forte e volto para a jornada até o hotel. Estou com novos quadrinhos que comprei, um punhado de Breccia e Pratt para ler. Chego no hotel, chego até o quarto e desmaio na cama.
Uma barata caminha na minha cama, me desperta como um rádio relógio
"É outro dia..." diz a cucaracha!

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Crítica sobre a revista Picabu no Universo Hq, Eduardo Nasi



Título: PICABU # 4 (Bestiário) - Edição especial

Autores: Mathias Rosner - Fabiano Gummo (texto e arte);

Ondas - Carlos Ferreira (texto e arte);

Hiato - Rafael Sica (texto e arte);

Telencefalos - Leandro Adriano (conto original) e Carlos Ferreira (adaptação e arte);

Chuuuuááááá - Moacir Martins (texto e arte);

Vostok - Fabiano Gummo (texto e arte);

O homem sedento - Leandro Adriano (texto) e Nik Neves (arte);

Escândalo - Rodrigo Rosa (texto e arte);

Caros Amigos - Moacir Martins (texto e arte);

Magique - Nik Neves (texto e arte);

A contagem - Guaraci Fraga (argumento) e Rodrigo Rosa (texto e arte);

Hongo - Rafael Sica (texto e arte).

Preço: R$ 15,00 nas livrarias, R$ 10,00 no site

Número de páginas: 96

Data de lançamento: Maio de 2009

Sinopse: Antologia de histórias que têm o corpo como tema.

Positivo/Negativo: Atualmente, uma porção farta dos quadrinhistas independentes brasileiros tem a mira apontada para os leitores - querem angariá-los, seduzi-los, conquistá-los. Mesmo trabalhando à margem das editoras, esses criadores defendem e fomentam caminhos alternativos. Mas a intenção é ampliar o contingente de público de suas HQs.

O caminho é legítimo, e isso não se questiona. Até porque, com a internet, se tornou uma opção teoricamente viável.

O curioso é que, ao mesmo tempo, os quadrinhos experimentais minguaram.

Mais curioso ainda é que um dos quadrinhistas de maior sucesso do Brasil, Laerte, tenha se tornado o grande nome da experimentação na arte sequencial com as tiras que fez nos últimos anos.

Tudo isso para dizer que é a essa facção experimental que Picabu se filia.

O projeto surgiu nos anos de 1990, em Porto Alegre, então chamada de Peek-a-boo. Teve três edições, todas explorando a linguagem dos quadrinhos e usando-a como recurso para fazer histórias em comuns.

Depois do ocaso de 17 anos, o projeto é retomado com o mesmo espírito.

A revista abre com Mathias Rosner, história em que o texto de trás para frente, com palavras-chave perturbadoramente na ordem comum, revela o enredo. É um dos pontos altos.

Há outros, e são vários. Como a arte no estilo de xilogravura de Carlos Ferreira em Ondas, o mundo de cabeça para baixo de Rafael Sica em Hiato, a frustrante tensão sexual de Chuuuuááááá, a desoladora O homem sedento e a encantadora Magique (ambas com a arte pop de Nik Neves), a tragicomédia de Escândalo e a perturbadora Hongo.

Além delas, há ainda as ilustrações que fazem a transição entre as HQs - em que um artista desenha um fragmento da história do outro.

Em todas as histórias, é visível que os criadores não fazem quadrinhos por fazer - expressam o que podem, o que é autêntico, o que é verdadeiro. E, nesse campo, não há certo e errado - só a disposição do leitor em encarar a arte e o artista.

De cara, Picabu assume a contramão do mercado. Não seus autores, porém: diversos deles fazem trabalhos altamente vendáveis - até mesmo adaptações de clássicos para escolas, tão em voga.

O papel da Picabu é criar um espaço de expressão para os autores e de provocação aos leitores. Sua intenção não é vender muito - e justamente por isso tem que ser comprada.