quarta-feira, 29 de abril de 2009
terça-feira, 28 de abril de 2009
segunda-feira, 27 de abril de 2009
quinta-feira, 23 de abril de 2009
terça-feira, 21 de abril de 2009
Anel de Moebius
Ferreira, Pax e Adriano
Vazio. Uma amiga me encomendou um texto sobre o vazio. Confesso que eu senti um uma sensação estranha, um frio na espinha, algo diferente nessa encomenda, uma possibilidade de exposição. Expor e entregar as minhas idéias mais profundas.
Ontem eu encontrei uma carta que uma outra amiga minha, Laura, escreveu para mim, em 1992, uma carta de amor e amizade. Foi como viajar no tempo e ver detalhes das vidas alheias, mas eram detalhes da vida dela e da minha, detalhes das pessoas que fomos e não existem mais. Depois de 1992 foi uma avalanche de coisas, um plural de vazios preenchidos em dramas mal resolvidos e disso resultou a pessoa que escreve agora. Espaço, tempo, forma e vazio. Uma mosca persiste em caminhar no monitor, na tela, e eu penso em exterminar esse inseto porque o inseto vai me dispersando a atenção sobre a encomenda do vazio. Logo desisto lembrando da teoria do caos, é hora de evitar mais um furacão.
Atualmente eu ando em uma fase de puro silêncio, reluto em escrever, preencher os vazios nos meus infinitos blogs. Vou deixando o tempo passar e me ocupo em produzir quadrinhos. Recentemente eu terminei uma história em quadrinhos, é uma adaptação de Telencéfalos, um conto de um amigo de infância, Leandro Adriano. Bom, já falei dessa história em quadrinhos no blog, já falei dessa adaptação fazer parte da revista Picabu, ex Peek-a-Boo, eu já falei sobre a reunião dos clássicos loucos autores que fazem quadrinhos nos pampas (para alguns almofadinhas esses clássicos autores monstros loucos são uns bandos de velhos nada a ver. Eu que conheço esse bando de tantas décadas, anos e meses; eu acho esses bandoleiros os fodões da cocada preta, gangue de guerrilheiros que manda os cuecas de sedas dos quadrinhos de super-heróis para a tonga da mironga mais rápido que Pratt mandaria o otário do Jim Lee lamber sabão.).
Bom, Ferreira, que tal deixar isso de lado e se manter sóbrio aqui? Vou manter a garrafa de tequila longe do estúdio e voltar a pensar no vazio. A verdade é que o vazio sempre se mantém presente. O turvo vai sempre escurecer os meus olhos, definir o futuro como incerto e inseguro. A lei da gravidade atinge a todos. Caímos e decaímos. Morremos. Mesmo que alguns justifiquem que há uma vida pós a vida, ou outros digam que não há merda nenhuma eu prefiro perguntar: Que porra é essa? Senhores, que porra é essa que chamam de vida? Estou vivo? “This is real life?” Que porra é essa? A minha vida se passa ao mesmo tempo em que sua? Acho que não, já que não se passa no mesmo espaço. E há um intervalo de espaço entre você e eu. Quem garante que não há um intervalo de tempo? Como as relações humanas podem funcionar diante disso? Há um espaço que universalmente chamamos de vida entre tu, eu e eles. Mas é vida? Acho que não. Prefiro chamar isso de vazio. Não se iluda se perceber que esse espaço entre nós é da mesma matéria (ou anti-matéria) dos buracos negros - um buraco de minhoca que talvez conecte lados extremos do universo ou galáxia. Estou mais convicto que sim, é o vazio, por que não mais me comunico com o mundo, talvez eu nunca me comuniquei, só estive interligado com você e com os outros na ilusão do não passa nada. Eu não tenho a noção do que é o todo. Do real. E nem quero, ok?
Aos que vierem aqui expressar a sua visão de Deus, cristianismo, o que derivou essa religião e derivados... Desculpa, mas deu, amigos, certo? Encheu o saco qualquer divagação religiosa... E os arrogantes racionais peguem a sua racionalidade e meçam com a infinita irracionalidade do universo e descubram o que parece ser a idiotice sem sentido dos seus argumentos de dois mais um é três. E daí que é três? PI é um número infinito e zero o vazio. E há falhas na matemática...
Contradições, amigos, contradições. Talvez sejamos apenas personagens verbalizados por formas de vidas vazias, vivemos em planos que parecem tridimensionais, mas talvez seja tudo bidimensional. E no fim da tua vida foi algum moleque que fechou o gibi e não curtiu essa história boba tipo Crise nas Infinitas Terras. Te fodeu!
Já repararam que as histórias em quadrinhos não deixam de ser uma metáfora para essa metafísica? Os quadrinhos possuem esses intervalos, o vazio, entre quadros e formas. Os átomos dos quadrinhos não se tocam, mas esses dançam quânticos ziguezagues como o desenho da letra Z e dão velocidade e movimento ao tempo e espaço dentro dos seus quadros. E fluem expurgando o vazio da vida buscando a bela tradição de contar histórias. Na maioria das vezes são bobas e caretas, mas quando aparecem boas histórias... Essas influenciam a nossa forma de ver o mundo. Provocam. Então, eu penso mais uma vez que é esse é o sentido de eu me expressar com os quadrinhos, não consigo me expressar ou ser entendido de outra forma. Não consigo ser ou me perceber vivo sem eles. Sou um ser humano incomunicável e contraditoriamente um contador de histórias. No fundo sou o vazio e a forma dentro e fora de mim, porque há ruído demais no mundo. Eu logos informação e deformação viva. “E no fim da tua vida um moleque fecha o gibi não curtindo essa história boba que tu foste inserido.”
“Faltou super-heróis e só tem páginas em preto e branco. Cadê a ação e a cor?”
Desenho: Ferreira, Figueró e Pax
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Eduardo Nasi cria interessante dogma para as Hqs
1) A pluralidade é fundamental. Tendo isso em mente, todo o participante do Dogma deve ler mensalmente quadrinhos de cinco nacionalidades diferentes e de cinco gêneros diferentes. A regra apenas não se aplica a quem ler menos de cinco edições por mês. Nesse caso, ainda assim, não se pode repetir nem nacionalidades nem gêneros.
2) É proibida a leitura de quadrinhos em que personagens ranjam os dentes para expressar raiva ou furor, simplesmente porque essa não é uma reação humana. Humanos gritam, choram, fazem beiço e demonstram emoções.
Quem range dente sofre de bruxismo, e somente personagens com bruxismo declarado poderão ranger sua arcada dentária. Este item, que pode soar ingênuo e despropositado, não deve ser menosprezado, pois resolve aproximadamente 78% dos problemas do mercado de HQs.
3) Como os quadrinhos foram dominados por homens ao longo de sua história, a misoginia não poderia ser vetada de forma alguma. Mas deve-se rejeitar HQs misóginas toscas, de autores que claramente passam a impressão de nunca terem passado a noite com uma mulher de verdade na vida. Em caso de dúvida, o quadrinhista Robert Crumb pode ser considerado um cânone para a avaliação do que é boa misoginia.
4) O uso de saco plástico para proteger os quadrinhos não é aceitável. Bons quadrinhos precisam de oxigênio. Por consequência, veta-se o uso de pinças, luvas ou de qualquer outro tipo de frescura para armazená-los e manuseá-los.
5) O apego ao mundo material, na forma do colecionismo obcecado, tem causado grande mal aos quadrinhos e precisa ser desestimulado. Bons quadrinhos devem circular. Empreste-os ou, preferencialmente, doe-os para que outros possam lê-los.
6) A expressão "É cofre" para designar compra obrigatória de uma HQ está abolida. A aquisição de quadrinhos não pode ser vista como um comportamento ansioso ou desesperado, nem mesmo como um investimento. Além do mais, a ideia de "cofre" implicita a restrição à circulação dos quadrinhos, contrariando o item 5.
7) A publicação de quadrinhos na internet é profundamente incentivada pelo Dogma, desde que as obras sigam o que está estabelecido nele.
8) O Dogma nada tem a dizer a respeito da moralidade envolvida na prática de pirataria digital, que vai da consciência e da postura de cada leitor, bem como da decisão particular de obediência ou não das leis.
Contudo, o Dogma acredita que os autores e editores dos bons quadrinhos devem ser sempre recompensados pelo seu trabalho. Os participantes do Dogma devem ser informados que essa recompensa costuma ser um incentivo para que o trabalho tenha continuidade.
9) As tiras diárias publicadas na imprensa são consideradas um veículo poderoso de catequização do público não especializado. Portanto, todo participante do Dogma é estimulado a entrar em contato com jornais e revistas a que tem acesso para pleitear melhorias na seção de tiras das publicações. Na oportunidade, pode-se solicitar também uma cobertura melhor e mais crítica do setor de quadrinhos.
10) Cada participante do Dogma deverá repassar o texto para outros três leitores de quadrinhos.
2) É proibida a leitura de quadrinhos em que personagens ranjam os dentes para expressar raiva ou furor, simplesmente porque essa não é uma reação humana. Humanos gritam, choram, fazem beiço e demonstram emoções.
Quem range dente sofre de bruxismo, e somente personagens com bruxismo declarado poderão ranger sua arcada dentária. Este item, que pode soar ingênuo e despropositado, não deve ser menosprezado, pois resolve aproximadamente 78% dos problemas do mercado de HQs.
3) Como os quadrinhos foram dominados por homens ao longo de sua história, a misoginia não poderia ser vetada de forma alguma. Mas deve-se rejeitar HQs misóginas toscas, de autores que claramente passam a impressão de nunca terem passado a noite com uma mulher de verdade na vida. Em caso de dúvida, o quadrinhista Robert Crumb pode ser considerado um cânone para a avaliação do que é boa misoginia.
4) O uso de saco plástico para proteger os quadrinhos não é aceitável. Bons quadrinhos precisam de oxigênio. Por consequência, veta-se o uso de pinças, luvas ou de qualquer outro tipo de frescura para armazená-los e manuseá-los.
5) O apego ao mundo material, na forma do colecionismo obcecado, tem causado grande mal aos quadrinhos e precisa ser desestimulado. Bons quadrinhos devem circular. Empreste-os ou, preferencialmente, doe-os para que outros possam lê-los.
6) A expressão "É cofre" para designar compra obrigatória de uma HQ está abolida. A aquisição de quadrinhos não pode ser vista como um comportamento ansioso ou desesperado, nem mesmo como um investimento. Além do mais, a ideia de "cofre" implicita a restrição à circulação dos quadrinhos, contrariando o item 5.
7) A publicação de quadrinhos na internet é profundamente incentivada pelo Dogma, desde que as obras sigam o que está estabelecido nele.
8) O Dogma nada tem a dizer a respeito da moralidade envolvida na prática de pirataria digital, que vai da consciência e da postura de cada leitor, bem como da decisão particular de obediência ou não das leis.
Contudo, o Dogma acredita que os autores e editores dos bons quadrinhos devem ser sempre recompensados pelo seu trabalho. Os participantes do Dogma devem ser informados que essa recompensa costuma ser um incentivo para que o trabalho tenha continuidade.
9) As tiras diárias publicadas na imprensa são consideradas um veículo poderoso de catequização do público não especializado. Portanto, todo participante do Dogma é estimulado a entrar em contato com jornais e revistas a que tem acesso para pleitear melhorias na seção de tiras das publicações. Na oportunidade, pode-se solicitar também uma cobertura melhor e mais crítica do setor de quadrinhos.
10) Cada participante do Dogma deverá repassar o texto para outros três leitores de quadrinhos.
segunda-feira, 13 de abril de 2009
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